Hoje eu vou falar sobre as danças Mbira,
Dinhe, Jerusarema e a Muchongoyo. Estas são as danças tradicionais do Zimbábue
– África Austral, antigo sul da Rodésia. Essas danças do Zimbábue são poderosas ferramentas
espirituais que carregam a tradição e narra acontecimentos históricos da
cultura deste povo.
Primeiramente vou apontar as
dificuldades que tenho em pesquisar sobre história da dança, principalmente
relacionada à países da África. Isso porque a maior parte dos relatos
históricos existentes são do período de colonização em diante, havendo a
exclusão da história da África que antecede esse período. No caso do Zimbábue,
a partir de 1867 com a exploração do ouro pelos ingleses. Entretanto o que eu encontrei foi que:
Os Khoisan foram os povos originais e
dominaram toda a região da África Austral, no Zimbábue ficaram até a chegada
dos Bantus, no século IX, que ao longo dos séculos XIII e XIV, criaram o
Império Monomotapa, cujo centro está situado nas ruínas de Grande Zimbábue.
Quando em 1607 o monarca do Estado concede aos portugueses a exploração do
subsolo da área, ela já se encontrava em declínio, que, em um outro tempo,
graças às suas minas de ouro e ao comércio de escravos chegou a manter um
comércio constante com a costa do oceano Índico. No final do Século XIX, os
ingleses, dirigidos por Cecil Rhodes começam a colonizar a região com o
objetivo de mineração. As colônias ficaram conhecidas como Rodésia em homenagem
ao colonizador. Ascendeu sua independência em apenas 1980 assumindo o nome de
Zimbábue.
Todos os aspectos da cultura local
influenciam na dança do Zimbábue e os instrumentos musicais principais são os
tambores (ngomas), mbira e marimba. O mbira é talvez o mais importante
instrumento utilizado. É frequentemente utilizado durante os rituais religiosos
por médiuns espíritas para se comunicar com os espíritos ancestrais. As Danças podem ser realizadas por
prazer, por entretenimento, durante os rituais incluindo a posse espírito, para
recriar a história, como uma forma de arte, e como um meio de namoro. As danças
do Zimbábue têm um estilo individual muito distinta porque, o ritmo da música e
da dança é influenciada pelo espírito dos dançarinos. Isto traz um elemento
único, pessoal para a cultura da dança, bem como flexibilidade na interpretação
das danças. Existem algumas características que definem as danças do
Zimbábue:
Polirritmia: Extremamente importante pois, assim como existe na música do Zimbabwe, está em toda a África. O intérprete pode passar os seus movimentos de uma forma que cria um novo ritmo para a dança.
Conexão a terra: Há uma orientação "para baixo" ligado à terra em todas as danças do Zimbábue. Os joelhos são muitas vezes flexionados e há movimentos de pés marcantes que representam a crença no espírito da terra como o provedor da fertilidade. Deve-se levar em consideração que a população do Zimbábue é relativamente agrícola, sobrevivendo do cultivo de.
Isolamentos: Movimentos de ida a partir do quadril, ou somente tronco. As danças são muito auto reflexivas e isso se reflete na improvisação e emoção expressa.
Participação: As pessoas são chamadas a tocar instrumentos ou dançar junto. Raramente ficam como meros espectadores.
Espiritualidade: A dança é um meio de expressar a espiritualidade, e algumas igrejas evangélicas no Zimbábue incorporaram a dança como forma de adoração.
As danças tradicionais no Zimbábue estão
em constante mutação. Isso porque a dança representa aspectos históricos da
cultura. Embora ela tende a não se tornar demasiadamente ocidentalizada
para que a cultura tradicional permaneça, é necessário se adaptar aos novos tempos. Uma das
mudanças percebidas está na indumentária. As danças tradicionais tendem a
acomodar a mudança, a fim de continuar a resistir ao teste do tempo. A razão
para a realização de danças pode mudar, no entanto o significado e a
importância que as danças possuem permanecem constantes.
Mbira
Mbira dança é, uma dança ritual
tradicional, acompanhada pelo instrumento mbira. As descobertas
relacionadas ao mbira remontam ao século XII, segundo escavações arqueológicas. O
ritmo e a dança mbira é influenciada pelo espirito do bailarino. Caracterizando
a individualidade e o elemento pessoal na dança. Foi concebido para
ocasiões específicas, geralmente religiosas na natureza. A dança mbira,
consequentemente foi utilizada como uma forma de expressar a posse do espirito
para recriar uma história. Esta dança é realizada pelos anciãos das tribos
e é muito poderosa em suas tradições espirituais.
Dinhe
O Dinhe dança é uma dança religiosa, que
também é realizada para atrair espíritos para falar com as pessoas. Um monte de
movimentos de guerra e movimentos de alegria são usados nesta dança. Esta
dança também reflete o aspecto agrícola da vida, e também pode ser usado tais
adereços que refletem esses temas. A dança Dinhe usa músicas diferentes para
acompanhar a dança, e o clima da música indica que os espíritos tentando ser
conjurados.
Jerusema
A dança Jerusarema representa a cultura
Shona e é polirrítmica com movimentos circulares e acrobacias, sendo as
repetições muito proeminentes. A dança Jerusarema é uma dança tradicional que
pode ser executada em festas, funerais, competições recreativas, e também é
realizada como uma dança de guerra. Os funerais têm um propósito significativo
para a dança, porque a dança é utilizada para introduzir os mortos para o mundo espiritual onde
eles podem ser chamados em futuras cerimônias ritualísticas. Percebe-se nesta
dança movimentos de umbigada.
As roupas tradicionais incluem saias de
grama seca e peitos nus, é usado também durante a execução da dança Jerusarema
as cores preta, azul escuro e branco, que são as cores tradicionais do povo
Shona. A dança Mbende Jerusarema foi recolocada na Lista Representativa do
Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2008
Muchongoyo
O Muchongoyo representa a cultura
Ndebele e é tradicionalmente realizada em preparação para a guerra e depois da
guerra. O Muchongoyo também é usado como um exercício de treinamento militar e
é caracteristicamente realizado com uma vara e um escudo. A dança Muchongoyo
também é uma dança social, recreativa e está, não tem uma característica
religiosa; em vez disso, destaca os eventos da sociedade. Os gestos são
dramáticos e a mimética é um elemento essencial. Os vestidos utilizados são
neo-tradicionais, que acomodam a mudança dos tempos, mas ainda parecido com o
traje tradicional. Os homens historicamente executam esta dança e as mulheres
participam criando a música.
Se você conhece, ou possui alguma curiosidade sobre o Zimbábue que gostaria de compartilhar, sinta-se vontade!!!
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