Hoje o tema
do blog Matrizes, se relaciona as danças praticadas no país Zâmbia (Região Norte
da Rodésia – África Austral). Por hora falaremos das
seguintes danças: Mganda, Chitali, Siyemboka, Kalela e Mutomboko.
Música e
dança, são manifestações artísticas muito presentes na cultura zambiana. As
danças tradicionais e canções ainda são realizadas em casamentos, ritos
funerários, ritos de cura, ritos de chuva, iniciação entre outros. Infelizmente
esta é uma prática que está morrendo lentamente nas áreas urbanas. Nas áreas
rurais a dança e canto tradicional ainda são a principal forma de
entretenimento, especialmente nos fins de semana.
A Zâmbia é um país com a menor densidade
humana, é composta por mais de 72 tribos diferentes e a maioria dos zambianos
que vivem nas cidades não possuem contato com as danças tradicionais que se
manifestam, na sua maioria, nas áreas rurais. Outro ponto que precisa ser
revelado aqui, se relaciona com o sentimento de vergonha que os zambianos
sentem em relação as suas danças tradicionais. Após a colonização feita por
Cecil Rodhes, os britânicos impuseram o cristianismo nesta cultura de 72 tribos
diferentes. Os missionários diziam aos zambianos convertidos que os tambores e
as danças eram atos de paganismo e que se dançassem essas danças eles iriam
queimar no inferno. Logo todas as danças tradicionais foram proibidas na
escola.
Essas danças
são caracterizadas pelo uso de máscaras e vestidos e embora a dança seja
acompanhada pela percussão corporal, palmas e pelo canto, alguns instrumentos
musicais também são utilizados, como o tambor, principalmente além da flauta,
banjo, bateria e xilofone. As danças tradicionais zambianas podem ser classificadas
em três tipos. Primeiro tem as que são estritamente realizadas pela mulher e
aqueles dançados por homens, tem as danças
que são puramente para entretenimento. E também, há dança especial e sagrada que
são realizadas apenas por pessoas que têm a posse espiritual.
Mganda
É um
exemplo de dança criativa do povo de Zâmbia respectivamente masculina inspirada
no período da segunda guerra mundial. Isso porque os homens foram obrigados a
entrar para o exército e lutar a favor dos britânicos. Quando os homens
voltaram da guerra, voltaram com conhecimentos militares, como gritos de
comandos, marchas e bandas militares.
Ganda vem da língua tumbuka e
significa “murro no chão com seus pés” fazendo alusão a marcha dos soldados. A dança mganda
é dançada em grupo, em que é eleito um Jitedi
(juiz) que é um líder que como condutor da dança é o mais prestigiado.
Os dançarinos
usam uniformes coloridos e fazem uma roda. O juiz certifica-se que os tocadores
de tambor estão prontos e a dança começa com sons moderados de tambor. Os movimentos
são sincronizados com o tambor e se tornam mais poderosos conforme a música. Logo
os dançarinos vão se se acalmando e retornam o processo da dança novamente.
Chintali
Esta é uma
dança feminina e talvez a mais comum na Zâmbia. É uma dança de entretenimento e
geralmente acontece nas tardes de sábado e domingo. Também é dançada nos feriados
como natal e ano novo e cerimonias alegres.
Geralmente a
chintali é dançada em espaço aberto
dentro do vilarejo. Dois homens tocam uns tambores grandes e o mestre toca um
tambor maior com baquetas especiais. As mulheres fazem um círculo ao redor dos
tambores e os espectadores fazem um círculo maior ao redor das mulheres.
A dançarinas
são bem arrumadinhas com vestidos ou saias coloridas. Elas usam um colorido chitenje sobre as roupas e algumas usam
lenço no pescoço. As roupas não podem ter apelo sexual. Até os espectadores
usam suas melhores roupas, pois a dança geralmente ocorre em datas festivas.
No círculo
dançam meninas entre 7 anos até mulheres mais velhas com 40 anos. Muitas mulheres
dançam com seus bebes nas costas.
A dança
começa com o tambor e todas as mulheres começam a caminhar em círculo com um
passo pequeno. Daí o líder começa a música e as mulheres respondem com sorrisos
e cantoria, enquanto caminham balançam as mãos e cotovelos. Quando os tambores se
intensificam, as dançarinas fazem passos sincronizados com o tambor. Os quadris e os pés também se mexem em
diferentes direções ao mesmo tempo. As mulheres
que tem lenço no pescoço o soltam e sacodem eles no ar.
A coreografia
é sempre gentil e graciosa, porém as meninas mais jovens conseguem fazer os movimentos
com maior intensidade.
Siyemboka
Esta dança
faz parte do ritual de passagem das meninas para a maturidade, ritual que se
torna num festival para toda a comunidade que acontece entre a tribo Lozi. Quando as meninas atingem a idade
da iniciação, elas são colocadas em isolamento por 2 ou 3 meses, nesse momento as
mulheres mais velhas lhe oferecem treinamento – chamados de mwalanjo - em como se tornar uma mulher.
Nesse período de isolamento a família prepara uma grande festa para a saída da
menina. Sete dias antes da festa, pessoas da comunidade e amigos levam uma
cerveja chamada bucwala bwa ma – lozi
, que significa “seven days”.
A celebração
acontece num sábado à noite e vai até o domingo de manhã, com muita dança,
tambor e contação de história. É nesse momento que as histórias dos Lozi são passadas de geração em geração.
Durante a cerimônia os anciões ensinam a dançar e tocar os tambores corretamente,
também recitam poemas, além de contar histórias sobre caças e pesca.
Os grupos dançam da noite até de manhã ao redor do
fogo. Pela manhã o café é servido e logo depois a menina é trazida para fazer
sua dança.
A menina quando é trazida, está coberta por um
cobertor e possui uma assistente. Suas roupas são tradicionais, lindas e
coloridas chamadas de misisi, as menina
também são adornadas com muitos braceletes. Os pais da menina também seguram a
enxada e o machada enquanto ajudam a tirar o cobertor da menina. A
menina também segura uma enxada e um machado.
Duas músicas
são tocadas chamadas de mumbwe que significa
“coiote ou hiena”. Todos cantam e dançam, movendo e girando seus ombros, punhos
e estômagos.
Kalela
Esta é uma
dança de orgulho, que acredita-se que começou com um jovem chamado Kalulu em
1930 na ilha de Chichi. Esta é uma dança de orgulho porque no tempo quando a
Zambia ainda era o Norte da Rodésia e era proibida manifestações de dança
tradicional, foi concedido a Kalulu a permissão para tocar os tambores e que
continuasse com suas danças. Quando Kalulu serviu o exército ele formou um
grupo de dançarinos, em 1946 Kalulu saiu o exército ele assumiu a liderança de
Chichi. Depois da II guerra mundial, muitas pessoas migraram da área rural para
os centros urbanos e a dança Kalela foi introduzida aproximadamente neste
período se tornando popular em 1950.
As crianças
que nasceram nesta geração tomaram como costume dançar a Kalela nos domingos
após as missas. Os dançarinos de kalela usam roupas modernas e é realizada com
movimentos improvisados, o que atrai olhares dos espectadores.
A dança
acontece com a média de 20 dançarinos ao redor de 1 ou 2 percussionistas que
tocam os tambores. Os tambores soam muito alto e podem ser ouvidos em consideráveis
distancias. As músicas de kalela contam histórias ou contos rurais.
Mutomboko
Mutomboko é uma celebração
anual que lembra a vitória do povo de Lunda quando seu reinado migrou em massa
para o Congo perto do século 18 . o povo
de luda ganhou muitas batalhas dentro deste período de guerras tribais disputando
territórios e muitas danças foram performatizadas como jubilo. Mutomboko é uma
cerimonia realizada na ultima semana de julho. As mulheres entregam cabaças com
cerveja tradicionais e comidas diferentes. Mulheres usam coloridos chitenjis e crianças
brincam. Neste dia pessoas do reinado e do mundo inteiro que visitam levam
presentes para o chefe.
gostei da dança mganda
ResponderExcluiramei
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