sábado, 23 de abril de 2016

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Hoje o tema do blog Matrizes, se relaciona as danças praticadas no país Zâmbia (Região Norte da Rodésia – África Austral). Por hora falaremos das seguintes danças: Mganda, Chitali, Siyemboka, Kalela e Mutomboko.


Música e dança, são manifestações artísticas muito presentes na cultura zambiana. As danças tradicionais e canções ainda são realizadas em casamentos, ritos funerários, ritos de cura, ritos de chuva, iniciação entre outros. Infelizmente esta é uma prática que está morrendo lentamente nas áreas urbanas. Nas áreas rurais a dança e canto tradicional ainda são a principal forma de entretenimento, especialmente nos fins de semana.

  A Zâmbia é um país com a menor densidade humana, é composta por mais de 72 tribos diferentes e a maioria dos zambianos que vivem nas cidades não possuem contato com as danças tradicionais que se manifestam, na sua maioria, nas áreas rurais. Outro ponto que precisa ser revelado aqui, se relaciona com o sentimento de vergonha que os zambianos sentem em relação as suas danças tradicionais. Após a colonização feita por Cecil Rodhes, os britânicos impuseram o cristianismo nesta cultura de 72 tribos diferentes. Os missionários diziam aos zambianos convertidos que os tambores e as danças eram atos de paganismo e que se dançassem essas danças eles iriam queimar no inferno. Logo todas as danças tradicionais foram proibidas na escola.

Essas danças são caracterizadas pelo uso de máscaras e vestidos e embora a dança seja acompanhada pela percussão corporal, palmas e pelo canto, alguns instrumentos musicais também são utilizados, como o tambor, principalmente além da flauta, banjo, bateria e xilofone. As danças tradicionais zambianas podem ser classificadas em três tipos. Primeiro tem as que são estritamente realizadas pela mulher e aqueles dançados por homens, tem as  danças que são puramente para entretenimento. E também, há dança especial e sagrada que são realizadas apenas por pessoas que têm a posse espiritual.

Mganda


É um exemplo de dança criativa do povo de Zâmbia respectivamente masculina inspirada no período da segunda guerra mundial. Isso porque os homens foram obrigados a entrar para o exército e lutar a favor dos britânicos. Quando os homens voltaram da guerra, voltaram com conhecimentos militares, como gritos de comandos, marchas e bandas militares.  
Ganda vem da língua tumbuka e significa “murro no chão com seus pés” fazendo alusão a marcha dos soldados.  A dança mganda é dançada em grupo, em que é eleito um Jitedi (juiz) que é um líder que como condutor da dança é o mais prestigiado.
Os dançarinos usam uniformes coloridos e fazem uma roda. O juiz certifica-se que os tocadores de tambor estão prontos e a dança começa com sons moderados de tambor. Os movimentos são sincronizados com o tambor e se tornam mais poderosos conforme a música. Logo os dançarinos vão se se acalmando e retornam o processo da dança novamente. 

Chintali



Esta é uma dança feminina e talvez a mais comum na Zâmbia. É uma dança de entretenimento e geralmente acontece nas tardes de sábado e domingo. Também é dançada nos feriados como natal e ano novo e cerimonias alegres.
Geralmente a chintali é dançada em espaço aberto dentro do vilarejo. Dois homens tocam uns tambores grandes e o mestre toca um tambor maior com baquetas especiais. As mulheres fazem um círculo ao redor dos tambores e os espectadores fazem um círculo maior ao redor das mulheres.
A dançarinas são bem arrumadinhas com vestidos ou saias coloridas. Elas usam um colorido chitenje sobre as roupas e algumas usam lenço no pescoço. As roupas não podem ter apelo sexual. Até os espectadores usam suas melhores roupas, pois a dança geralmente ocorre em datas festivas.
No círculo dançam meninas entre 7 anos até mulheres mais velhas com 40 anos. Muitas mulheres dançam com seus bebes nas costas.  
A dança começa com o tambor e todas as mulheres começam a caminhar em círculo com um passo pequeno. Daí o líder começa a música e as mulheres respondem com sorrisos e cantoria, enquanto caminham balançam as mãos e cotovelos. Quando os tambores se intensificam, as dançarinas fazem passos sincronizados com o tambor.  Os quadris e os pés também se mexem em diferentes direções ao mesmo tempo.  As mulheres que tem lenço no pescoço o soltam e sacodem eles no ar.
A coreografia é sempre gentil e graciosa, porém as meninas mais jovens conseguem fazer os movimentos com maior intensidade. 

Siyemboka



Esta dança faz parte do ritual de passagem das meninas para a maturidade, ritual que se torna num festival para toda a comunidade que acontece entre a tribo Lozi. Quando as meninas atingem a idade da iniciação, elas são colocadas em isolamento por 2 ou 3 meses, nesse momento as mulheres mais velhas lhe oferecem treinamento – chamados de mwalanjo - em como se tornar uma mulher. Nesse período de isolamento a família prepara uma grande festa para a saída da menina. Sete dias antes da festa, pessoas da comunidade e amigos levam uma cerveja chamada bucwala bwa ma – lozi , que significa “seven days”.

A celebração acontece num sábado à noite e vai até o domingo de manhã, com muita dança, tambor e contação de história. É nesse momento que as histórias dos Lozi são passadas de geração em geração. Durante a cerimônia os anciões ensinam a dançar e tocar os tambores corretamente, também recitam poemas, além de contar histórias sobre caças e pesca.
                Os grupos dançam da noite até de manhã ao redor do fogo. Pela manhã o café é servido e logo depois a menina é trazida para fazer sua dança.
                A menina quando é trazida, está coberta por um cobertor e possui uma assistente. Suas roupas são tradicionais, lindas e coloridas chamadas de misisi, as menina também são adornadas com muitos braceletes. Os pais da menina também seguram a enxada e o machada enquanto ajudam a tirar o cobertor da menina.   A menina também segura uma enxada e um machado.
Duas músicas são tocadas chamadas de mumbwe que significa “coiote ou hiena”. Todos cantam e dançam, movendo e girando seus ombros, punhos e estômagos. 

Kalela




Esta é uma dança de orgulho, que acredita-se que começou com um jovem chamado Kalulu em 1930 na ilha de Chichi. Esta é uma dança de orgulho porque no tempo quando a Zambia ainda era o Norte da Rodésia e era proibida manifestações de dança tradicional, foi concedido a Kalulu a permissão para tocar os tambores e que continuasse com suas danças. Quando Kalulu serviu o exército ele formou um grupo de dançarinos, em 1946 Kalulu saiu o exército ele assumiu a liderança de Chichi. Depois da II guerra mundial, muitas pessoas migraram da área rural para os centros urbanos e a dança Kalela foi introduzida aproximadamente neste período se tornando popular em 1950.
As crianças que nasceram nesta geração tomaram como costume dançar a Kalela nos domingos após as missas. Os dançarinos de kalela usam roupas modernas e é realizada com movimentos improvisados, o que atrai olhares dos espectadores.
A dança acontece com a média de 20 dançarinos ao redor de 1 ou 2 percussionistas que tocam os tambores. Os tambores soam muito alto e podem ser ouvidos em consideráveis distancias. As músicas de kalela contam histórias ou contos rurais.

Mutomboko


 



Mutomboko é uma celebração anual que lembra a vitória do povo de Lunda quando seu reinado migrou em massa para o Congo perto do século 18 .  o povo de luda ganhou muitas batalhas dentro deste período de guerras tribais disputando territórios e muitas danças foram performatizadas como jubilo. Mutomboko é uma cerimonia realizada na ultima semana de julho. As mulheres entregam cabaças com cerveja tradicionais e comidas diferentes.  Mulheres usam coloridos chitenjis e crianças brincam. Neste dia pessoas do reinado e do mundo inteiro que visitam levam presentes para o chefe.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Zimbábue

Hoje eu vou falar sobre as danças Mbira, Dinhe, Jerusarema e a Muchongoyo. Estas são as danças tradicionais do Zimbábue – África Austral, antigo sul da Rodésia. Essas danças do Zimbábue são poderosas ferramentas espirituais que carregam a tradição e narra acontecimentos históricos da cultura deste povo. 


Primeiramente vou apontar as dificuldades que tenho em pesquisar sobre história da dança, principalmente relacionada à países da África. Isso porque a maior parte dos relatos históricos existentes são do período de colonização em diante, havendo a exclusão da história da África que antecede esse período. No caso do Zimbábue, a partir de 1867 com a exploração do ouro pelos ingleses. Entretanto o que eu encontrei foi que:

Os Khoisan foram os povos originais e dominaram toda a região da África Austral, no Zimbábue ficaram até a chegada dos Bantus, no século IX, que ao longo dos séculos XIII e XIV, criaram o Império Monomotapa, cujo centro está situado nas ruínas de Grande Zimbábue. Quando em 1607 o monarca do Estado concede aos portugueses a exploração do subsolo da área, ela já se encontrava em declínio, que, em um outro tempo, graças às suas minas de ouro e ao comércio de escravos chegou a manter um comércio constante com a costa do oceano Índico. No final do Século XIX, os ingleses, dirigidos por Cecil Rhodes começam a colonizar a região com o objetivo de mineração. As colônias ficaram conhecidas como Rodésia em homenagem ao colonizador. Ascendeu sua independência em apenas 1980 assumindo o nome de Zimbábue.

Todos os aspectos da cultura local influenciam na dança do Zimbábue e os instrumentos musicais principais são os tambores (ngomas), mbira e marimba. O mbira é talvez o mais importante instrumento utilizado. É frequentemente utilizado durante os rituais religiosos por médiuns espíritas para se comunicar com os espíritos ancestrais. As Danças podem ser realizadas por prazer, por entretenimento, durante os rituais incluindo a posse espírito, para recriar a história, como uma forma de arte, e como um meio de namoro. As danças do Zimbábue têm um estilo individual muito distinta porque, o ritmo da música e da dança é influenciada pelo espírito dos dançarinos. Isto traz um elemento único, pessoal para a cultura da dança, bem como flexibilidade na interpretação das danças. Existem algumas características que definem as danças do Zimbábue:

Polirritmia: Extremamente importante pois, assim como existe na música do Zimbabwe, está em toda a África. O intérprete pode passar os seus movimentos de uma forma que cria um novo ritmo para a dança.

Conexão a terra: Há uma orientação "para baixo" ligado à terra em todas as danças do Zimbábue. Os joelhos são muitas vezes flexionados e há movimentos de pés marcantes que representam a crença no espírito da terra como o provedor da fertilidade. Deve-se levar em consideração que a população do Zimbábue é relativamente agrícola, sobrevivendo do cultivo de. 

Isolamentos: Movimentos de ida a partir do quadril, ou somente tronco. As danças são muito auto reflexivas e isso se reflete na improvisação e emoção expressa.

Participação: As pessoas são chamadas a tocar instrumentos ou dançar junto. Raramente ficam como meros espectadores. 

Espiritualidade: A dança é um meio de expressar a espiritualidade, e algumas igrejas evangélicas no Zimbábue incorporaram a dança como forma de adoração.

As danças tradicionais no Zimbábue estão em constante mutação. Isso porque a dança representa aspectos históricos da cultura. Embora ela tende a não se tornar demasiadamente ocidentalizada para que a cultura tradicional permaneça, é necessário se adaptar aos novos tempos. Uma das mudanças percebidas está na indumentária. As danças tradicionais tendem a acomodar a mudança, a fim de continuar a resistir ao teste do tempo. A razão para a realização de danças pode mudar, no entanto o significado e a importância que as danças possuem permanecem constantes. 

Mbira


  

Mbira dança é, uma dança ritual tradicional, acompanhada pelo instrumento mbira. As descobertas relacionadas ao mbira remontam ao século XII, segundo escavações arqueológicas. O ritmo e a dança mbira é influenciada pelo espirito do bailarino. Caracterizando a individualidade e o elemento pessoal na dança. Foi concebido para ocasiões específicas, geralmente religiosas na natureza. A dança mbira, consequentemente foi utilizada como uma forma de expressar a posse do espirito para recriar uma história. Esta dança é realizada pelos anciãos das tribos e é muito poderosa em suas tradições espirituais.

Dinhe
  


O Dinhe dança é uma dança religiosa, que também é realizada para atrair espíritos para falar com as pessoas. Um monte de movimentos de guerra e movimentos de alegria são usados ​​nesta dança. Esta dança também reflete o aspecto agrícola da vida, e também pode ser usado tais adereços que refletem esses temas. A dança Dinhe usa músicas diferentes para acompanhar a dança, e o clima da música indica que os espíritos tentando ser conjurados. 

Jerusema



A dança Jerusarema representa a cultura Shona e é polirrítmica com movimentos circulares e acrobacias, sendo as repetições muito proeminentes. A dança Jerusarema é uma dança tradicional que pode ser executada em festas, funerais, competições recreativas, e também é realizada como uma dança de guerra. Os funerais têm um propósito significativo para a dança, porque a dança é utilizada para introduzir os mortos para o mundo espiritual onde eles podem ser chamados em futuras cerimônias ritualísticas. Percebe-se nesta dança movimentos de umbigada.
As roupas tradicionais incluem saias de grama seca e peitos nus, é usado também durante a execução da dança Jerusarema as cores preta, azul escuro e branco, que são as cores tradicionais do povo Shona. A dança Mbende Jerusarema foi recolocada na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2008

Muchongoyo 



O Muchongoyo representa a cultura Ndebele e é tradicionalmente realizada em preparação para a guerra e depois da guerra. O Muchongoyo também é usado como um exercício de treinamento militar e é caracteristicamente realizado com uma vara e um escudo. A dança Muchongoyo também é uma dança social, recreativa e está, não tem uma característica religiosa; em vez disso, destaca os eventos da sociedade. Os gestos são dramáticos e a mimética é um elemento essencial. Os vestidos utilizados são neo-tradicionais, que acomodam a mudança dos tempos, mas ainda parecido com o traje tradicional. Os homens historicamente executam esta dança e as mulheres participam criando a música.





Se você conhece, ou possui alguma curiosidade sobre o Zimbábue que gostaria de compartilhar, sinta-se vontade!!!